domingo, 13 de maio de 2012

Sobre o Cientificismo e a Ciência

                                                                                                                 Mateus G. M. F. Tibúrcio

   Hoje em dia está, mais do que nunca, em voga a mentalidade cientificista ou humanista. Esta ideologia, propugnada por "céticos" como Carl Sagan ou Richard Dawkins prega que somente a ciência é capaz de resolver os problemas do mundo. Creem em uma aplicação do método científico que poderia destruir a religião e o senso comum, propondo-se a resolver todos os problemas do homem.
   É, contudo no mínimo curiosa a visão tida da ciência. Ciência seria algo imparcial, avesso às crenças e totalmente perseguido por estas. Seria a refutação dos mitos e alavanca da revolução que poderia sanar todas e quaisquer injustiças, calamidades e ameaças. Infelizmente, a história não respalda esta visão. O meio científico têm sido historicamente dominado por supersticiosos extremos como o astrólogo e alquimista Isaac Newton ou o cabalista órfico Giordano Bruno, só para citar exemplos louvados como baluartes do humanismo, e não miríades de miríades entre religiosos sérios ou sectários.
   Continuarão a argumentar sobre os benefícios dados ao homem pela ciência. Sou totalmente a favor. Contudo, estes profetas seculares têm sido irremediavelmente estéreis: Lembre-se do 2001: Uma Odisseia no Espaço e faça uma comparação entre o mundo mostrado no dito ano e o que realmente já atingimos. O choque é inevitável. Faça outro exercício imaginário: Pense fixamente nas expectativas causadas pelo Projeto Genoma no início do terceiro milênio e o lugar em que chegamos nesta dezena de anos. Um Gattaca[1] tornou-se mais irreal do que nunca. É impossível não ver que o publicitário Clarke[2], que construiu toda uma futurologia naturalista em cima do terceiro milênio, com teleporte e elevador orbital, conseguiu prever muito menos do que o retrógrado e desinteressado Júlio Verne.
  A fecundidade prática destes materialistas também é algo no mínimo risível: Um Carl Sagan[3] teve como principal atividade estritamente científica a busca de extraterrestres, que está tão parada hoje como quando estava vivo. Já quanto a Dawkins, suas pesquisas sérias limitam-se a teses puramente especulativas - E tolas - sobre o comportamento humano que só servem para render-lhe dinheiro. Nem de longe vemos os benefício de um Volta, Sabin ou Lavoisier. Os físicos tornaram-se mistagogos, os biólogos apologetas, e os químicos... Não têm em que causar declarações chocantes. Bem, a ciência é algo extraordinariamente fantástico, mas alguns cientistas tornaram-se algo sumamente tolo.

 Notas

  [1] Gattaca foi um filme popular da década de 90 que causou polêmica por retratar uma distopia regida pela discriminação genética.
  [2] Arthur Charles Clarke  (16 de Dezembro de 1917 – 19 de Março de 2008) foi um futurólogo e físico inglês notável por seus livros de ficção científica - Entre os quais 2001 - Uma Odisseia no Espaço - que popularizou conceitos como fusão fria e elevador orbital. A despeito dos seus erros filosóficos, teve importante contribuição para a criação do satélite estacionário. 
  [3] Carl Edward Sagan ( 9 de Novembro de 1934 – 20 de Dezembro de 1996) foi um astrônomo judeu-americano famoso por sua crítica à religião e por sua obsessão pela procura por vida extraterrestre. Suas obras mais importantes são Cosmos e Contatos.   

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